domingo, 12 de junho de 2016

MAS VOCÊ VAI VIAJAR SOZINHA?

Quando eu comecei a espalhar meus planos de viajar, a pergunta que mais ouvi foi: “Mas você vai viajar sozinha?” Eu que não perco o bom-humor por quase nada nesse mundo, já respondia logo: Claro que não! Não sou doida! Vou com Deus, Buda, Shiva, Krishna, Alah, Nossa Senhora, Maomé, Jah, Ganesha, ou seja, a rapaziada toda!!!

Daí vinha outra pergunta: “Mas você já viajou sozinha antes né?” Bem, sim e não! Já viajei sozinha no Brasil, já peguei voo sozinha para ir encontrar pessoas que me acolheram em outro país, como quando eu morei no Canadá ou no Bahrein. Mas planejar uma viagem sozinha, tomar decisões sozinha, comer sozinha, andar sozinha em um país que você nunca tinha ido antes... não, isso foi a primeira vez.

Pra mim estar sozinha é algo muito natural, não tenho problema com isso. Acho super bacana o tempo que você tem pra entrar em contato com seus próprios pensamentos, bater um papo com você mesma... Posso tranquilamente ir ao cinema com minha única companhia, ou sair pra jantar alone... Not a big deal! Aliás, li em algum lugar que estar sozinho é como um vício, depois que você percebe a paz que é, fica difícil lidar com as pessoas. Não concordo inteiramente com essa afirmação, até porque não gosto de extremos. O fato é que aprecio e muito a companhia da minha família e dos meus amigos seja para o que for. Mas tenho que dizer que estar sozinha de vez em quando me traz uma paz sem fim.

Voltando ao assunto da viagem sozinha, eu simplesmente estou amando essa experiência! Apesar de não ser fácil, tem sido uma viagem incrível e tenho certeza que eu faria de novo! Dá muito medo, uma baita insegurança e a ansiedade nem se fala (pode parecer que não, mas me considero um poço de ansiedade.... Se bem que essa viagem está me ajudando a resolver isso). O bom é que só você, e mais ninguém, é responsável pelas decisões. Tudo bem se você cancelar um passeio nas praias paradisíacas da Tailândia só porque você está com dor de barriga. E também não tem problema nenhum se você passar o dia inteiro dormindo no quarto do hotel só porque está cansada. Essa liberdade de escolher o que fazer e para onde ir, ou de mudar de planos na última hora em não atrapalhar ninguém é sensacional.

Mas como tudo tem dois lados; nem tudo são flores e  tem alguns espinhos também. Viajar sozinha significa não ter ninguém pra desabafar em caso de frustrações ou qualquer chateação; não ter ninguém pra tirar fotos suas nem para te ajudar a fechar a mala, que insiste em aumentar de tamanho. Não sei se isso é geral, mas no meu caso me senti muito vulnerável várias vezes. É chato você viver desconfiando das pessoas que se aproximam de você pra bater papo; é chato andar na rua com medo, se sentir acuada; é chato não ter segurança nem para pegar um táxi e ficar achando que o motorista vai te sequestrar. É chato não saber se um simples “Good Morning” que um homem te dá na rua é só um cumprimento ou ele tem segundas intenções.  É chato (e doentio) viver num mundo machista onde a mulher é a culpada caso ela sofra um estupro.

Quando eu comecei essa viagem, que por acaso era a semana de comemoração do dia Internacional da Mulher, lembro que duas mulheres que viajavam juntas foram assassinadas na Bolívia. Interessante foi que a mídia noticiou que elas estavam viajando sozinhas. Me pergunto quando foi que o Aurélio mudou o significado da palavra sozinhas (ou juntas). Como assim elas estavam sozinhas? A presença de uma outra mulher não conta como companhia? Tinha que ser de um homem? Isso que a mídia quis dizer, que um homem teria evitado a morte delas? Não sei, mas de qualquer jeito um homem não foi capaz de evitar o estrupo coletivo, e a consequente morte, de Jyoti Singh. Ela voltava do cinema com um amigo em Nova Delhi em dezembro de 2012. Ao entrar no ônibus as nove horas da noite, ela foi atacada por seis homens, que se sentiram no direito de “dar uma lição nela, pois mulher direita não anda na rua a essa hora” – palavras de um dos estupradores. A estória dela foi contada no documentário Filhas da Índia, mas este é proibido de ser exibido lá. Infelizmente, parece que nada mudou L.  

Sim, a Índia é um país perigoso para mulheres viajarem sozinhas. Graças à rapaziada toda que está viajando comigo e à companhia da Carol, não tive nenhum problema por lá (a não ser o dia que sai fugida do hotel em Daramshala, porque não gostei da encarada que o cara que cuidava do hotel me deu). Mas dá pra sentir o medo que paira no ar e dá para observar que é um país muuuitoooo machista. De qualquer maneira, tem muita mulher que encara o medo, que se precave de todas as formas possíveis, coloca a mochila nas costas e vai. Encontrei algumas tantas pelo caminho. Também achei interessante quando cheguei na Tailândia (e nos países vizinhos que visitei), senti como se um peso enorme tivesse saído das minhas costas. O medo tinha ido embora! Fiquei encantada de ver as mulheres nas ruas vestindo o que estavam a fim de vestir (não interessa se o short é curto ou não) e ainda dirigiam e trabalhavam! Nossa, um baita contraste com a Índia!

Infelizmente, nós mulheres passamos por muitas situações chatas e desagradáveis (desde o “inofensivo” fiu-fiu na rua até as ofensas mais hostis) seja viajando, ou muitas vezes, na nossa rotina. O fato é que, quanto mais eu viajava pelo sudeste asiático, mais segura eu me sentia. Mesmo sendo os países mais pobres que visitei nessa aventura. Até fiz um experimento: eu achava que eu me sentia segura assim porque não entendia a língua deles. Achava que poderia haver alguma piadinha sem graça que eu não entendesse. Mas acredite, não existe! Eu passava por grupos de homens reunidos, e até por prédios em construção, e dava uma discreta olhada pra trás. Parecia que eu nem existia! Eu achava isso o máximo! Mas de qualquer jeito, o medo que existe no inconsciente coletivo feminino (ou no consciente mesmo) me fazia atravessar a rua ou mudar a direção quando eu via um grupo de homens se aproximando.

Acho que o mais importante disso tudo é nunca deixar de viajar, ou fazer qualquer coisa, por medo. Com a devida atenção, cuidado e muita informação dá para se aventurar por ai. No fundo no fundo, viajar sozinha não é um problema quando você não se sente solitária.








quarta-feira, 1 de junho de 2016

TCHAU ÁSIA

Noventa dias de estrada... sete países novos... 26 cidades diferentes... e muita coisa rolou por aqui! Não tenho adjetivo pra qualificar esse mochilão até agora. É mais que extraordinário... É mais que maravilhoso... É mais que tudo! É, com certeza, inesquecível! Não tenho adjetivo pra qualificar a viagem, mas tenho um sentimento. Sabe quando você se realiza só porque foi capaz de encarar seus medos? Isso é o que a Ásia representa pra mim! A Ásia é um mundo de possibilidades de pensar fora da caixa, de abrir a mente, de enxergar que existem outras visões e pontos de vista, de aprender a viver um dia de cada vez, simplesmente porque você resolveu se entregar pro Novo e para as incertezas que o Universo trás. Isso tudo te dá uma sensação imensa de liberdade e de coragem pra viver a vida de peito aberto, sem medo dos obstáculos!

Finalizando minha visita ao continente asiático, passei por Laos e Myanmar. Fiquei apaixonada por Luang Prabang em Laos. É tipo cidade do interior, aconchegante e charmosa. Gostei das pessoas, da comida, de conhecer o principal rio de Laos (o Mekong), de conhecer Kuang Si Waterfall, de ver o ritual de Alms Ginving que os monges fazem ao amanhecer e do clima (que melhorou consideravelmente). Já em Myanmar não tive uma impressão muito boa de início. Achei as pessoas mais fechadas, a infraestrutura é precária e não estava muito feliz. Bem da verdade, confesso que já estava um pouco cansada da Ásia. Não aguentava mais ver um templo ou uma pagoda na minha frente.... rsss...   Já estava uma turista bem chata que não quer ver mais nada, nem tirar fotos, nem comprar nada, nem passear mais. Mas com o tempo fui melhorando e descobrindo que o birmanês é um povo tão simpático quanto os dos países vizinhos. Tive experiências bem legais por aqui. Uma delas foi encarar meu medo de andar de moto!

Há uns dias estavam imaginando como seria legal eu alugar uma moto e andar por esses lugares que passei. De certa forma, a moto te dá uma mobilidade maior que os outros meios de transporte não dão. Daí comecei um diálogo comigo mesma: “Vou voltar pro Brasil e vou aprender a andar de moto. Mas peraí gracinha, você tem medo de moto, lembra? Ah é, então melhor deixar pra lá. Mas que seria o supra sumo da sensação de liberdade, ah isso seria...” E pronto! Parei de pensar nisso, maaaaassssss..... Meu primeiro dia em Mandalay (Myanmar) cheguei no hotel, deixei minhas coisas e fui andar na rua. Não tinha nem chegado na esquina do hotel, um cara me parou e perguntou se eu queria carona pra ir pro lugar que eu estava indo. Não sei porque (na verdade sei sim, foi armação do Universo) parei pra dar atenção pra ele, porque geralmente ando nas ruas com meu mantra ligado: “No, thank you! No, thank you! No, thank you!” Respondo isso pra qualquer pessoa que tenta me oferecer um passeio, uma roupa, um souvenir, uma comida, ou qualquer coisa nas ruas.

Tentei me livrar do cara dizendo que não sabia pra onde eu ia, que estava andando só pra conhecer a cidade, que só estava procurando um SIM Card pra comprar. Então ele me mostrou uma loja que tinha o chip, fui lá e comprei (com a ajuda dele como tradutor). E ele me convenceu a ir ver o pôr-do-sol num lugar que, segundo ele, era imperdível (e era mesmo). Ok, combinei o preço e quando me dei conta, o transporte dele era o que? Uma moto! As sinapses do meu cérebro falharam no momento que ele falou MOTORCYCLE (eu imaginei que era TUK-TUK). E agora? Tentei cancelar o combinado, né? O medo nessa hora estava gritando na minha cabeça: “Você não vai andar de moto com um cara desconhecido né!?”  Ledo engano; peguei meu medo de andar de moto e levei ele pra passear... de moto, é claro! Nos primeiros minutos eu queria morrer! Imaginei as maiores tragédias que poderiam acontecer (e olha que sou boa nisso; poderia escrever novela mexicana). Estava quase tendo tendinite por causa da força que eu segurava no banco da moto. Depois fui relaxando, fui curtindo. Curti tanto que fechei o passeio com o mesmo cara no dia seguinte. J E em Bagan (Myanmar também) aluguei uma vespinha pra explorar a cidade sozinha. E posso dizer que realmente foi o supra sumo da sensação de liberdade andar de moto explorando um lugar novo. Valeu Uni!

E foram assim esses dias... Muita aprendizagem e muita reflexão! Sem demagogia, a frase que mais tenho dito ultimamente é: Obrigado Senhor! e suas variações: Valeu Uni, Hi5 Deus! Quando estamos numa situação como esta, de viajar para lugares desconhecidos e de culturas e povos diferentes de tudo que você já viu na vida, percebemos o quanto somos abençoados e protegidos. Desde as menores coisas, como a sopa que está quentinha, o chuveiro do hotel que é o melhor conforto depois de uma longa viagem, até as maiores coisas como sua mala não ser extraviada, não perder o voo, não perder seu passaporte e seu dinheiro, ou simplesmente estar viva e com saúde para aproveitar tudo isso!  Ah, sem falar, no abraço inesperado que você recebe do cara que carregou sua mala no hotel, só porque ele viu escrito na sua testa que você não estava bem aquele dia e precisava de um conforto (isso só podia ser na Tailândia - já falei que eles são o povo mais receptivo do Planeta?). É, só tenho a agradecer! Valeu Uni!

Vista de Luang Prabang

Passeio no Mekong

Visita à caverna em Luang Prabang

Kuang Si Waterfall - encantada com tanta beleza

Adorei os monges de Myanmar

Passeando de moto em Mandalay

Pôr do Sol incrível em Bagan

Templos em Bagan

Budas em Old Bagan

Old Bagan

Passeio de barco em Inle Lake

Pescadores em Inle Lake

Passeio de barco em Inle Lake

Outro pôr do Sol incrível. Obrigada Senhor!



sábado, 21 de maio de 2016

PORQUE ESCOLHI VIAJAR


Viajar é colocar aquela roupa confortável, aquela mochila cheia de aventuras, um livro novo para ler nos dias de chuva ou nas horas de espera no aeroporto... aquela ansiedade boa quando o avião pousa.... aquela intensa curiosidade do novo...

Viajar é se desligar daquela rotina de exercícios, deixa pra lá, depois você volta.... é experimentar a comida local, entender os mapas e ruas desse lugar nunca antes percorrido... é interagir com culturas e pessoas desse vasto mundo desconhecido...

Viajar é não planejar tudo... é se entregar para as incertezas... é abrir a consciência para novos mundos... novas perspectivas... é se identificar com aquela paisagem que ficará no seu mural de recordações daqui alguns anos.... meses ou segundos...

Viajar é não ligar para a maquiagem, cabelo, aquela olheira confusa do tal fuso que não te deixa dormir direito... é sentir aquela saudade danada da sua casa do outro lado do mundo... é ouvir aquela música que conforta seu coração nos momentos de solidão...

Viajar não é carimbar o passaporte.... não é gastar seu dinheiro em coisas que não te tragam um norte... é se inspirar na brisa que bate no rosto quando sai para desbravar aquele roteiro desenhado na sorte... é mergulhar no mar depois de um dia cheio de experiências que te deixam mais forte...

Viajar é deixar fluir... é amar incondicionalmente seus momentos de alegria, perrengues e introspecção... é ter aquele momento de inspiração e gratidão...  é agradecer por existir e fazer parte de um todo cheio de luz, cultura e paixão... é dizer que foi, sentiu, se emocionou e aproveitou cada segundo...

(Adaptado de @marcinhabello)

quinta-feira, 19 de maio de 2016

ANGKOR WAT - O TEMPLO MAIS BONITO DE TODOS

Se me perguntarem qual o templo mais bonito que visitei até agora, vou dizer sem dúvida: Angkor Wat! Fui pro Camboja só para conhecê-lo e valeu muito a pena!

Minha passagem no Camboja foi rápida. Se resumiu a quatro dias em Siem Reap que é a cidade mais próxima do Angkor Wat. Quando cheguei na cidade me dei conta do que ainda não tinha percebido. O Camboja é (talvez) o país mais pobre dessa minha viagem, quiçá o mais pobre que já visitei na vida até hoje (imagino que Laos e Myanmar - os países que ainda vou visitar - não seja diferente). Mas também pudera, quando eles conseguiram a independência da França, entraram numa guerra civil das mais violentas da sua história que deixou o país completamente destruído. Fui ler um pouco sobre essa época no Camboja... uhm... Pra quê? Sabe o Holocausto? Foi tipo isso, só que em proporções menores. O Camboja era na época o que hoje é a Síria; só entrava no país quem estava envolvido em ações humanitárias ou mídia internacional. Li que em Phnom  Penh (a capital do Camboja) existem museus sobre o período em que o Kherm Vermelho dominava o país. E também é possível visitar os “campos de concentração”. Li também (acho que foi na Wikipédia) que quase metade da população está na faixa etária de 20 anos, porque parte da geração mais antiga ou morreu na guerra ou migrou pra Tailândia.

Isso tudo pra dizer que o turismo ainda é muito recente no país e é a segunda maior fonte de renda deles (a primeira é a agricultura e a extração de látex). Em Siem Reap, (imagino que na capital também), a infraestrutura para o turismo é melhor. O inglês e a receptividade do cambojanos são excelentes! Achei chatinho o fato de ir no banco sacar dinheiro e sair nota de dólar americano. Fiquei achando que era coisa do American way of life, mas não é não. A moeda deles é tão desvalorizada (US$ 1,00 = 4.100 Riel) que seria inviável andar com tanta nota de dinheiro assim. E outra coisa que incomoda é o “assedio” dos vendedores. Eu que achava ruim os da Índia, é porque não sabia como era em Siem Reap. Na verdade 'assedio' não é a melhor palavra, porque mais parece um pedido de socorro. É de partir o coração ver as crianças nos templos tentando vender suas bugigangas. Mas pelo menos essas crianças estudam e aprendem inglês na escola (perguntei para uma menina de 9 anos que falava um inglês super bonitinho). Tomara que elas tenham muita prosperidade pela frente!  

E o que faz o Angkor Wat ser tão especial assim? Ele é TODO feito de pedra talhada! 100% natural, do jeito que eu gosto... rss.. Não tem uma única pedrinha de ouro, de mármore lapidado ou pedra preciosa. É considerado a maior estrutura religiosa já construída e um dos tesouros arqueológicos mais importantes do mundo. É tão importantes na história do Camboja, que ele está estampado na bandeira desse país. Em 1992 foi declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Hoje, o Angkor Wat recebe mais de 2 milhões de visitantes por ano, algo comparado com o  Taj Mahal e a Grande Muralha na China.

Na verdade trata-se de um complexo de templos que serviam como centro político e religioso no século XII.  Engraçado é a miscelânea de religiões e mudanças que os templos passaram. Primeiramente ele foi construído para Vishnu (um dos três deuses mais importantes do Hinduísmo). Depois o reinado seguinte mudou para o budismo Mahayna. Até que veio outro rei e mudou para o Hinduísmo de novo e, por fim, o último rei introduziu o budismo Theravada (que e o oficial do país hoje). Bagunça né? Ah, e o melhor é que hoje os templos não servem mais como templo, ou seja, ninguém vai lá rezar. Não se sabe bem porque, mas eles foram abandonados e hoje servem só pra turismo. Acho que por causa dessa bagunça, os cambojanos seguem os ensinamentos do budismo, mas praticam os rituais do hinduísmo. Tipo eu! rsss.....

O fato é que alguns templos tem cara de abandono, parecem cena de filme de terror onde as árvores tomaram conta das edificações (como o Ta Prohm - o meu predileto!). Mas tem outros que são conservados e inclusive estão sendo restaurados por vários países. No início da década de 1970 muitas esculturas foram saqueadas e, por isso, elas foram retiradas de lá e são preservadas em um museu em Siem Reap. Mesmo assim, sem esculturas, achei lindíssimo o lugar. Achei bacana ver como os deuses e os mitos do hinduísmo se interagem com as símbolos e deidades do budismo. Já falei que adoro essa mistureba toda né? Talvez por isso eu tenha gostado tanto desse lugar... Curtam as fotos e me digam se ele não é sensacional!




Olha isso, que massa! 

Pilares de pedra que se integram com a paisagem

Fazendo amizades

Monjas indo para uma celebração nas pagodas

Corredores do templo

Mamãe alimentando seu filhote

Um dos templos abandonados que os musgos tomaram conta

Pensa na altura dessa árvore

Não é fenomenal esse cenário?

Olha ele de novo..

Algumas paredes colapsando

E a raiz dessa árvore que mais parece uma cobra 

Mais árvores gigantes (será se a pessoa se empolga com árvores?)


Mais do Ta Prohm

Apsaras (dançarinas celestiais) esculpidas na pedra


Duas mil faces de Buda esculpidas nas pedras

Um dos portões de entrada do complexo

Uma das duas mil faces do buda

Vista geral do Angkor Wat





segunda-feira, 9 de maio de 2016

A VOZ DOS ANIMAIS


Uma semana no Elephant Nature Park - ENP e parece que fiquei um mês ou mais. De tão intenso que foi; do tanto que aprendi e refleti. Pra escrever esse post tive que respirar fundo várias vezes (e limpar as lágrimas também). Foi bem difícil, o mais difícil de todos, até então. Não que a semana tenha sido ruim. Foi perfeita!!! Mas a realidade dos animais que vivem lá, ou melhor, o passado deles, é muito triste. 

Vou começar pelo parte boa: a diversão! O ENP é uma Fundação que existe há mais de 20 anos. Sua fundadora é Lek Chailert, uma mulher incrível, que dedica sua vida aos animais. Lek na língua Thai significa pequeno, mas de pequena ela só tem a estatura mesmo. É uma das mulheres mais especiais e incríveis que já tive o prazer de conhecer pessoalmente. O coração é gigante, o sorriso é largo e as atitudes dela estão mudando a realidade do elefantes na Tailândia e nos países vizinhos.

Ao todo, éramos quase 80 voluntários de várias idades e vários lugares do mundo. Chegamos no ENP numa segunda, fomos recebidos por uma equipe super divertida e, logo de cara, fomos assistir um vídeo que conta a realidade dos elefantes na Ásia (foi pior que levar um soco no estômago!). Depois fomos almoçar, nos acomodar nos quartos e saber como seria nossa rotina durante a semana. Os voluntários são divididos em grupos e cada dia tem tarefas diferentes para cada um deles. As tarefas são: limpar cocô dos elefantes (que é ótimo porque você pode estar mais perto deles); preparar a comida (que no final sempre íamos alimentá-los); limpar o parque; colher milho pros elefantes (que apesar do trabalho braçal é super divertido) e dar banho nos bichinhos. Todas as refeições são feitas no parque. São refeições vegetarianas (posso dizer que são quase veganas) e são uma delícia!

Fora as atividades diárias, tínhamos bastante tempo livre pra descansar, fazer massagem, pensar na vida ou simplesmente observar os elefantes (juro que poderia fazer isso por horas, principalmente os bebês que são super divertidos!). Também podíamos passar um tempo com os cachorros que tem no abrigo dentro do parque. O ENP é um santuário que abriga vários animais resgatados. Aqui tem mais de 500 cachorros, gatos, macacos, pássaros, coelhos, búfalos, vacas. Todos foram resgatados de algum lugar onde sofriam abusos e maus tratos, ou da indústria farmacêutica ou cosmética, ou do abate, ou do circo etc. No ENP eles podem viver com dignidade!

Também tem a parte social de conhecer pessoas de quase todos os cantos do mundo e trocar experiências. É bacana ver o Universo arquitetando esses encontros e como a energia flui. Você começa a perceber que tem muita gente que pensa como você. Me dá uma sensação de pertencimento ou de que não sou tão diferente assim como meu pai pensa que sou.. rss.. Uma semana no ENP não se resume a apenas acordar cedo, trabalhar duro em alguns tarefas, passar algum tempo com os elefantes e tirar fotos pro Facebook. Significa transformação! Que pode ser sutil para alguns, ou profunda para outros, depende de quão disponível  a pessoa está. Certeza que a Patrícia que chegou no ENP não é a mesma que saiu de lá. Não tem como não sair transformado! Ouvi um relato que um dos voluntários decidiu diminuir o consumo de carne e, que aos poucos, vai tentar cortar a carne de vez e virar vegetariano! Ponto pra ele e pra Lek!

Agora a parte difícil! Vou tentar seguir a metodologia da CNV (Comunicação Não-Violenta), porque senão não consigo escrever.

Primeiro passo: os fatos (vou tentar não colocar nenhum juízo de valor, mas confesso que é difícil) – o elefante é o animal símbolo nacional da Tailândia. Eles são considerados sagrados e tem uma relação muito forte com a história e os costumes tailandeses. São animais que representam sabedoria, poder, longevidade e trazem boa sorte. A população de elefantes asiáticos vem diminuindo nos últimos anos. Hoje restam cerca de 6.000 elefantes (o que antes era 300.000). Eles vem sendo usados em várias áreas, mas grande parte delas relacionadas ao turismo. Turistas montados nas costas dos elefantes é o mais comum de ver por aqui, mas também existem elefantes andando nas ruas com seus mahouts (a pessoa que cuida deles) pedindo dinheiro, elefantes “pintando” quadros, atrações circenses e festivais com os animais. Fora isso, tem a indústria moveleira, que além de destruir as florestas, usa os animais para carregarem toras pesadas de madeira nas montanhas. Um breve parênteses: aqui vem outro problema que é a destruição da floresta. As árvores são protegidas por Lei SE, e apenas se, elas estiverem vivas. Mortas não tem problema nenhum derrubá-las. O que eles fazem? Colocam veneno, ou queimam o cerne da árvore e ela vai morrendo aos poucos. Daí eles vão lá e derrubam árvores de 300 anos de vida. Imagina o tamanho da tora pro elefante carregar. Imaginou? Ah, e não tem estrada ou trilha, não. É subindo e descendo ladeira no meio da mata fechada, passando por dentro do rio e todos os perrengues. Se um elefante quebra a perna ou se machuca nessa atividade, não tem como transportá-lo para um lugar que possa ser tratado. Muitas vezes eles são abandonados na floresta e morrem sem ter como se alimentar.

Para que o animal possa fazer tudo isso, ele é treinado em um ritual chamado Phajaan. Esse treinamento é torturante e eles buscam com isso “quebrar o espírito do elefante”. Em resumo, os bebês são separados de sua mãe (isso significa matar a mãe e as tias que ajudam a cuidar do bebê) e são confinados em gaiolas que eles não conseguem se mexer. Daí eles ficam dias a fio (sem parar) sendo torturados com todas as atrocidades inimagináveis, privados de sono, comida ou água. Em geral os machos levam mais tempo e muitos morrem nesse período. Alguns tentam se matar durante o treinamento, por isso os treinadores amarram a tromba do animal para que isso não aconteça. As torturas e maus tratos vão continuar por toda a vida do animal, menos intensas, mas elas não cessam.  Ah, só pra constar, isso ocorre em toda a Ásia, não só na Tailândia.

Segundo passo: meus sentimentos – Assistir as cenas do Phajaan foram bem chocantes e doloridas. A primeira coisa que senti foi uma raiva imensa e um desgosto sem tamanho da raça ao qual eu pertenço. Sabe aquela frase: “Quanto mais eu começo o ser humano, mais eu gosto dos animais”? Pois é, ela nunca fez tanto sentido pra mim, como nesse momento. Se formos analisar friamente, o ser humano é capaz de fazer tanta barbaridade com sua própria raça, que com os animais fica até parecendo mais fácil de digerir. Mas não é!  Depois de muito pensar, comecei a refletir o que levam as pessoas a serem parte disso. Desde o treinador, que na minha opinião faz isso pra alimentar um mercado lucrativo (e de onde ele tira o sustento de sua família), até os turistas que, muitas vezes sem saber, contribuem para tudo isso. Lek nos contou que muitas vezes quando ela está em lugares onde as pessoas passeiam de elefantes ela se aproxima dos turistas e pergunta: “Você tem ideia do quanto esse animal sofreu pra aceitar que alguém suba nas suas costas?” As respostas geralmente são as mesmas: “Elefantes são fortes e podem aguentar”, ou pior “Sinto muito, eu já paguei pelo passeio”. 

Mas depois minha raiva e desgosto passaram. Hoje sinto coragem para ajudar a mudar essa realidade. E grande parte dessa coragem veio da palestra que a Lek nos deu no sábado à noite. Queria que todo mundo, uma vez na vida, tivesse a chance de ouvi-la pessoalmente. Comecei a enxergar que as pessoas boas são a maioria! Tem muita gente boa fazendo coisas maravilhosas mundo a fora. Quando perguntaram pra ela o que podíamos fazer para ajudar, ela respondeu que basicamente é um trabalho de formiguinha. Mesmo que seja de pessoa em pessoa, vale a pena mudar a concepção e a relação que as pessoas tem com os animais. Ah, só pra constar (2), estou me referindo a qualquer animal! Desde elefantes, cachorros, gatos e aqueles que nós seres humanos insistimos em colocar no nosso prato! Como a Lek diz, se amamos elefantes (e nossos bichinhos de estimação) porque não amar todos? 

Terceiro passo: minha necessidade – É muito simples e ao mesmo tempo complicada. Eu tenho a necessidade de viver em união. Isso significa, que eu queria que as pessoas compreendessem que seus atos, desde o mais simples, como respirar, ao mais complexos, não estão isolados. Queria que as pessoas tivessem a consciência que tudo está conectado e que o que fazemos reverbera, seja onde for. Basta você decidir se quer impactar positivamente ou negativamente. Turistar não é diferente! Você pode escolher se quer ser parte disso tudo ou não. É preciso ter atenção, porque nem sempre a gente consegue enxergar a maldade que tem por trás das coisas. Mesmo ficar do lado de um elefante para tirar fotos traz prejuízos. Certeza que ele foi treinado para aceitar um humano do lado dele. E ainda sim, você pode observar que os mahouts sempre carregam objetos pontiagudos com eles (às vezes um simples prego para ninguém ver) que só do animal ver, ele se lembra do treinamento traumatizante que recebeu e obedece o seu dono. Muitos elefantes, que hoje estão no ENP e que antes trabalhavam no circo ou nos festivais, são cegos por causa dos flashs das câmeras. E aqueles que são atropelados por carros quando estão nas ruas de Bangkok pedindo dinheiro? Geralmente são os bebês que fazem isso, pois são mais fáceis de controlar. E ainda tem os que caem em bueiros na cidade porque o piso não suporta o peso deles e quebram pernas ou quadril. Outro exemplo: aqui na Tailândia em alguns templos é possível encontrar pássaros engaiolados que, por míseros 100 Bath, você pode libertá-los e isso, em tese, traz sorte pra pessoa que o libertou. Bacana né? Só que não! Esses pássaros são capturados às vezes a mais de mil quilômetros de distância da cidade e eles fazem captura em massa. Ou seja, aquela fêmea, que estava voando e procurando comida pros seus cinco filhotes que ficaram no ninho, foi capturada e não vai mais voltar pra casa com comida. Adeus filhotes.... E tem mais, imagina o transporte sofrido que eles passam. E quando são soltos na cidade, eles não estão em seu habitat natural. Vão morrer atropelado ou virar comida de gato.

Quarto passo: meu pedido – Aqui é a parte complicada porque eu queria pedir muuuuittasss coisas. Mas vamos por partes que é melhor! Quando eu vejo a situação que existe por trás do turismo com animais, sinto coragem para tentar mudar isso, pois tenho a necessidade de viver em união, onde as pessoas entendam que elas são parte de um Todo; que suas ações não são isoladas. Por isso, da próxima vez que forem viajar (ou mesmo turistar na sua própria cidade), escolha com atenção seus passeios. E não se sinta culpado ou envergonhado caso você já tenha andado nas costas de um elefante, ou participado de atividades com animais. Essa não é minha intenção, porque eu mesma já fui duas vezes no Sea World e nadei com golfinhos em outra ocasião. Coisas que não faço mais depois de ter assistido o documentário Blackfish. Outra coisa, se você trabalha com turismo vendendo pacotes, plissssss, não venda esse tipo de passeio. Eu perdi as contas de quantas vezes me ofereceram isso na Índia. Mas nem tudo está perdido! Se seu sonho é andar nas costas de um elefante, ou interagir com animais (que é super bacana), faça pesquisa e visite lugares que de fato se preocupem com a questão animal, que não usam violência na treinamento. Se for à Chiang Mai, passe pelo Elephante Nature Park (eles tem centros em outras cidades também). A questão toda se resume em ter consciência, e coerência, na hora de viajar, de se alimentar, de se vestir e por ai vai.

Desculpa pelo texto gigante, gente! Precisava desabafar! :)

De brinco de flor!!!


Eu e Lek 

Eles são grandes mais são uns amores

Fim de tarde

Bebê curioso se aproximando 

Banho de lama

Sorriam pra foto!!!

Preparando a comida deles

No caminhão indo buscar milho pros elefantes

Trabalho pesado mas divertido


Kabu (minha predileta) e seu mahout 


Hora do banho


Baby and momy

Eu e Kabu

Batendo um papo com Lek e os elefantes

Pequeno Dok Rak com uma semana de vida