quinta-feira, 24 de março de 2016

ATÉ BREVE MCLEOD GANJ!!!

É.... Você me conquistou de verdade McLeod Ganj! De corpo e de alma!!! 

Mesmo quando fazia frio, quando chovia granizo, quando os carros buzinavam sem parar, quando fiquei três dias seguidos sem luz (e não deu pra tomar banho). Você tem seus encantos... a vista das montanhas que é de tirar o fôlego.... Andar nas ruas e receber aquele tanto de Good Morning, Namastê e Tashi Delek, que deixa meu dia recheado de boas energias.

E quanta surpresa!!! Encontrar o Dalai Lama chegando em casa de supetão, foi o mais espetacular que você podia me proporcionar. E pra fechar com chave de ouro, poder participar de uma celebração no Templo com a presença dele (e vê-lo a menos de 2 metros de distância) foi sensacional! Mesmo sem entender nada do que ele disse (não tinha tradução), estar na presença dele com aquele sorriso carismático é algo mágico. Obrigada McLeod Ganj! Pra quem quiser, tem algumas fotos do evento nesse link

Quase um mês se passou e foi uma enxurrada de aprendizados. Foi tipo um retiro (assim eu considero). Não fiz muitos passeios, não fiz muitas amizades; fiquei mais quieta, mais contemplativa e refleti muita coisa legal. Foi bacana o tempo livre que tive para aprender a desacelerar; já que eu não tinha muito o que fazer, andava devagar apreciando tudo a minha volta. Escrevia devagar, porque não tinha nenhum lugar urgente para ir. Aprendi a não ligar se o garçom demora a me atender no restaurante (em outros tempos eu era capaz de ir embora se achasse que ele demorou mais do que o normal pra me atender, como se a minha urgência fosse a mais importante de todas - coisas de leoninos!). E se o garçom diz que a comida vai demorar 30 ou 40 minutos pra ficar pronta? Tudo bem! Não ligo, tenho livros e cadernos pra passar o tempo. Afinal, como li em algum cardápio aqui, Good Food Takes Time!

E olha, falando em comida, bota Good Food nisso.... Não imaginava que eu ia me esbaldar tanto por aqui em termos de comida. Tava achando que ia enjoar do curry, da massala... mas não! Tô amando tudo! Ok, é verdade que meu estômago deu uma reclamadinha com o tanto de tempero das comidas. Daí tive que dar uma maneirada. Meu vício aqui é o chá de limão com gengibre e mel e o Chowmien de vegetais (prato típico tibetano). Amo! Também tomo muito Lassi de banana ou mamão (tipo vitamina de vários sabores só que é feito com yogurte) e Tali (comida indiana). Perto da minha pousada tem dois restaurantes que são meus refúgios a noite (porque a pousada fica em uma parte mais escura e afastada do centro, então não saio muito a noite). Mas mesmo que não fosse perto, acha que eu iria sempre neles. Um é de uma família Tibetana muito simpática (Common Ground Cafe). O outro (Shanti Cafe) é de um indiano da Kashmira que tem também uma pousada super boa. E a playlist dele é a melhor de todos os tempos. Copiei várias músicas pelo Shazam :) 

E é claro, teve o aprendizado do trabalho na creche. Foi incrível e difícil ao mesmo tempo. Incrível pelo tanto de abraços surpresas que ganhei, pelos sorrisos despretensiosos que recebi, incrível o tanto de catarro que eu limpei e, principalmente, incrível como os olhinhos contemplativos (e puxadinhos) das crianças é encantador. Foi difícil por causa da língua (eu sou um desastre falando Tibetano... rss). E as tias da creche não manjam muito bem o inglês. As crianças também não falam inglês e eu queria taaanntooo entender o que elas falavam. Queria falar algo que pudesse acalentá-las na hora do choro. Mas me virava como dava, até português eu falava. Imagina a cena: eu dando bronca em português pra uma criança tibetana de um ano e pouco! Já que ela não ia me entender mesmo, eu falava na minha língua, oras pois.... E num é que funcionava! (por certo elas deviam me achar meio doida e por isso ficavam quietas). Cantar mantras (que eles comecem muito bem) também ajudava nas horas de dormir. E as crianças mais velhas que pegavam os livrinhos e tentavam me ensinar o nome dos animais em tibetano! Oh vontade que eu ficava de encher de beijos aquelas carinhas redonda dos olhos puxados!!!

Bem, agora vou ter que superar a parte da saudade. Uma das coisas que li sobre trabalho voluntário com crianças é a ligação que fica entre o voluntário e elas. Senti isso já na segunda semana, quando duas crianças mais velhas saíram da creche e foram para a escola. Sabe aquele menininho que já no primeiro dia me comprometi a conquistar um sorriso dele? Pois é, consegui vários sorrisos dele! Mas ele foi um dos foram embora da creche. Fiquei arrasada! Todos os dias de manhã eu chegava e dava uma olhada geral pra ver se por acaso ele não tinha voltado. Pois ele não voltou, seguiu o rumo dele, e eu o meu...


Falando em rumo... Estou em Bir, para um ensinamento no Deer Park Institute e domingo estou indo pra Delhi! Começa a jornada pinga-pinga turística. O frio na barriga volta de novo! Não sei o que vou encontrar no resto da Índia. Só sei que a Carol vai comigo nessa aventura (Que bom que você vai estar lá quando eu chegar, Carol!). Então, vamos lá que tem muita coisa pela frente!

A vista que eu acorda (quando fazia sol)

McLeod Ganj debaixo de chuva de granizo

Monges no templo

Rua do templo

Himalai e Lua Cheia (uma das vistas de tirar o fôlego!!!)

McLeod Ganj à noite

Algumas crianças da creche, que eu vou morrer de saudades

Algumas crianças da creche, que eu vou morrer de saudades





sexta-feira, 18 de março de 2016

ÍNDIA OU TIBETE?

Às vezes não sei se estou na Índia ou no Tibete. 

Explico: Geograficamente estou na Índia. Culturalmente me sinto no Tibete. McLeod Ganj fica no norte da Índia no estado de Himachal Pradesch, fronteira com o Paquistão. O Tibete fica um pouco mais pra leste. Pra quem gosta de mapa, lá vai um com a localização dos dois países.  



Tudo que eu li e ouvi sobre a Índia não se aplica aqui. Ok, algumas coisas se aplicam mas, em menor escala. Tem alguns "lixões" espalhados pela cidade, tem esgoto correndo a céu aberto (lixo e saneamento são um problema sério por aqui). Mas não sei qual a lei da Física que aqui não tem ratos e baratas. Devem ser os macacos que fazem o controle...rss... ou a altitude, o frio, sei lá... só sei que nessa época do ano não tem. 

Tem caos na rua, tem vaca, tem macaco, tem carro buzinando e tem pedestre andando. Mas em proporção bem menor que nos grandes centros. Atravessar uma rua aqui é infinitamente mais fácil do que em Delhi, eu imagino. Tem mulheres e idosos nas ruas pedindo esmolas, que te cumprimentando juntando as mãos em prece e dizendo Namastê. Tem cheiro de esgoto e de cocô nas ruas, mas também tem incenso e perfume no ar. Enfim, tem os contrastes que são peculiares à mãe Índia.  

E tem a cultura Tibetana dando cor pra cidade. Como eu contei no post anterior, aqui tem milhares de tibetanos morando por causa daquele lance com a China. Não sei o que é, mas eu me sinto em casa. A energia, as pessoas, a natureza, tudo é mágico aqui. Conversei com alguns locais que disseram que McLeod Ganj já foi bem mais tranquila. Há poucos anos existiam entre 200 e 300 pousadas. Hoje são mais de 1000!!! E continua crescendo...

E a segurança? Esse era meu maior medo em se tratando de Índia, em se tratando de vir aqui sozinha e ser a primeira vez. Mas como fui advertia no primeiro dia que cheguei: "Aqui são pessoas da montanha e são gente boa. Não são como as pessoas em Delhi." Palavras do taxista, não minhas! É claro que não quero generalizar; existem pessoas de qualquer índole em qualquer lugar. É que de fato aqui é tudo tão tranquilo que realmente chego a pensar que não estou na Índia. Pelo menos não naquela que tanto li e ouvi. Pra vocês terem ideia da minha confusão mental, logo que cheguei na pousada o gerente me diz que se eu quisesse podia beber água da torneira. Oi? Como assim? E as toneladas de Clor-In que eu trouxe? Levo de volta? Não né.. Anyway, ainda não tive coragem de beber a água da torneira. 

Falando ainda em segurança, a primeira vez que fui pro centro budista meditar, perguntei para o gerente da minha pousada se era seguro andar pela floresta. Ele balançou a cabeça daquele jeito peculiar que só os indianos tem (que você não sabe se é sim ou não) e disse: Only monkeys!  Eu ri e conclui que era seguro. Até eu virar em uma curva e dar de cara com uns 50 macacos reunidos no meio da estrada tomando sol (e tirando pulgas uns dos outros). Você acha que eles saem no caminho? Claro que não! E como faz? Reza, finge que não está vendo-os e vai, na fé!   

Não tenho feito muitos passeios. Tô numa vibe mais introspectiva. Deve ser porque Mercúrio está na casa 4 do meu Mapa Astral. Isso significa fase de recolhimento. E deve ser também porque o tempo não está ajudando; voltou a chover e a fazer frio. Daí fico mais no quarto lendo, praticando Yoga e vendo filmes (viva o You Tube, o NetFlix e uma conexão excelente de internet!! Quando não falta luz!). Também tenho ido bastante ao Tushita assistir filmes sobre o Budismo Tibetano e meditar. Sabe criança quando chega na frente de uma loja cheia de doces coloridos que os olhos brilham? Sou eu na frente do mural de cursos do Tushita. Certamente ainda volto pra cá para fazer alguns cursos, ou vários. Nem fui embora ainda e já quero voltar.. ai ai... Tem hora que nem eu me aguento com essa vontade de viajar. 


Não alimente os macacos

Andando na floresta

Sala de ensinamentos do Tushita

Olhando assim eles até parecem inofensivos

Meditação guiada

Alojamentos do Tushita

Entrada da biblioteca do Tushita

Sala de ensinamentos do Tushita

Sala de ensinamentos do Tushita


Vista de McLeod Ganj do Templo

As ladeiras que enfrento todos os dias



   



quinta-feira, 10 de março de 2016

FREE TIBET

Hoje é o Tibetan Uprising Day! Quisera eu escrever que hoje é o dia da Independência Tibetana. Mas infelizmente não é, ainda.... É o dia que os tibetanos saem às ruas para protestar contra a invasão chinesa no Tibete.

A questão entre esses dois países vem de longa data. Mas o cerne de tudo está em 1950 quando o exército chinês derrotou o tibetano. Mao Tse Tung instaurou o regime comunista chinês sob pretexto de "libertar o país do imperialismo inglês". De lá pra cá, a China alega soberania sobre o Tibete e sua estratégia é levar ao país seu modelo de desenvolvimento. Diversos mosteiros e santuários foram destruídos, milhares de monges foram assassinados e uma reforma agrária foi imposta à população local. Estima-se que 1 milhão de tibetanos já tenham morrido nas mãos do Exército chinês.

Atualmente, foi construída uma ferrovia que liga a China à Lhasa (capital do Tibete) onde apenas chineses podem utilizá-la. Muitos já estabeleceram residência lá, e aos poucos estão destruindo a cultura e a religião tibetana. Há quem diga que a região hoje possui mais traços da arquitetura chinesa do que tibetana. Muitas imagens circulam na internet de turistas chineses depredando as estátuas milenares dos budas na região do Tibete. Pra mim que sigo o Budismo Tibetano, é bem triste ver essas imagens!

Em 1959, temendo sua integridade física, o Dalai Lama pediu asilo à Índia e hoje reside em McLeod Ganj em Dharamshala, juntamente com o Governo Tibetano no exílio e milhares de tibetanos. Estima-se que mais 150 mil tibetanos vivem em comunidades espalhadas na Índia, Nepal e Butão. O Dalai Lama viaja todo o mundo cumprindo seus compromissos religiosos e também políticos, tentando que a ONU intervenha pela liberdade do Tibete.


Bem, do dia de hoje só posso dizer que foi emocionante estar no meio da multidão lutando por esta causa. Foi uma manifestação completamente pacífica, como a cultura tibetana é. Tinham crianças, idosos, adultos, adolescentes... todas as faixas etárias, todos com um grito de liberdade preso há anos na garganta, pedindo para retornarem ao seu pais de origem.  
















segunda-feira, 7 de março de 2016

BORA TRABALHAR

Comecei meu trabalho voluntário hoje! Juro que eu queira esperar até terminar para contar um pouco mais dessa experiência, até ter uma opinião mais sólida. Mas não tô me aguentando de ansiedade!!!! 

Xô começar do começo: Eu vim pra McLeod Ganj pra ver o Dalai Lama, mas ele não está aqui. Daí me programei pra fazer um curso sobre o Budismo, mas as datas não coincidiram. Entonce, fui caçar o que fazer. Procurei um monte de trabalho voluntário, mandei e-mail pra uma penca de gente e acabei vindo parar na Lha Charitable Trust. É uma ONG que trabalha com os refugiados tibetanos. Eles tem vários trabalhos bacanas e já deixo aqui a propaganda para quem quiser saber mais e ajudar. Atesto que são pessoas de boa índole! http://www.lhasocialwork.org/

Eles responderam meu e-mail perguntando se eu queria dar aulas de inglês. Eu disse que adoraria mas não me sentia confortável pra ensinar uma língua que não é minha língua mãe (aliás, nem português me sinto à vontade pra ensinar alguém... Não é assim tão fácil). Eles responderam dizendo que tinham carência de voluntários na creche porque eles exigem 3 semanas de comprometimento. E, providencialmente, é o tempo que vou ficar aqui. Sem demora respondi que aceitava a vaga... rss.

Logo que cheguei aqui fui conversar com o diretor da Lha que me levou pra conhecer a creche. Ele me disse que atualmente eles cuidam de 15 crianças. Já tiveram 35, mas elas cresceram e foram encaminhadas para as escolas Tibetanas (nessa hora eu pensei: Ufa!!). Ele me passou a lista de tarefas a serem feitas na creche. Basicamente recepcionar as crianças quando os pais vão deixa-las, brincar com elas, hora de cantar, limpar catarro (o tempo todo!), hora do banho de sol, hora do almoço, hora da soneca, trocar fralda, brincar de novo, hora do lanche e devolver pros pais. Escolhi o turno da manhã que era o que eles mais precisam, pois tem mais atividades. Ah, ele já me advertiu para não tirar fotos para não atrapalhar a rotina das crianças. No último dia ele vai juntar todo mundo e tirar foto de recordação. Então pessoal, sorry! Sem fotos nesse post!   

Ok, voltei pra casa (já me sinto em casa na GuestHouse que estou hospedada) e fui aprender algumas palavrinhas em Tibetano (até agora só sei falar Tashi Delek = Oi). Fui pesquisar e descobri que a creche faz parte de um outro projeto que busca empoderar economicamente as famílias de refugiados tibetanos. A creche cuida das crianças enquanto as mães trabalham fazendo artesanatos lindíssimos (mesmo sem espaço na mala, não resisti e comprei umas coisinhas). Quem quiser saber mais, tá aqui o link do site. http://www.tibetrogpa.org/home.php

Dia de trabalhar:  Nunca trabalhei em uma creche então não tenho parâmetros pra dizer. E eu nem sabia o que esperar direito. Mas vou dizer: foi a coisa mais fofa!!! Tinham 16 crianças; um bebê de 10 meses que era o primeiro dia dele (assim como eu J), 6 crianças entre 1 e 2 anos de idade e 9 crianças entre 2 e 3 anos. E ao todo 3 voluntários e duas funcionárias. As crianças são muito educadas e fofas com os olhinhos puxadinhos e as bochechas rosadas. Nem ligaram que eu era nova no pedaço e pior, que não falava a língua delas. Aliás, falo sim; sei sorrir e fazer palhaçada, e isso eles entendem bem. A primeira atividade depois que os pais foram embora era entreter as crianças. Pra isso tem um monte de brinquedos de montar e desmontar. Logo de cara, uma menininha grudou em mim e fez uma espécie de pente e não parava de pentear meu cabelo. Tinha um garotinho que tava amoado no canto perto de mim. Eu fui chegando perto dele e tentava de tudo fazer ele sorrir, mas nada funcionava. Mas ainda tempo alguns dias pela frente e sei que vou conseguir... rss.

A hora de cantar músicas foi comédia. Eu não entendia nada (tudo em Tibetano tá gente), mas dançava e gesticulava copiando as tias que estão há anos trabalhando na creche. A hora de tomar sol também foi tranquila. As crianças são delicadas e educadas. Sem brigas, empurrões, puxão de cabelo, nada disso. Qualquer início de briguinha, as tias engrossam a voz e as crianças quietam na hora, sem choro nem vela.

A hora de comer e dormir pra mim foi o mais surpreendente! Todas as crianças sentadinhas no chão, encostadas na parede, com um avental que cobre até as pernas e comendo sozinhas no mais absoluto silêncio. As crianças que não conseguiam comer sozinhas, nos ajudávamos. Ah, isso depois da prece antes da refeição. Tão lindinhos com as mãozinhas em prece rezando em Tibetano!!! Essa hora eu queria muito tirar uma foto!!!

Depois, nap time: todos deitaram lado a lado no colchão que as tias arrumaram no chão e colocam um lencinho tapando os olhos. Gente, não sei qual é o lance do lencinho, mas em menos de cinco minutos, 90% das crianças estavam dormindo. JURO!!! Eu não acreditei... sem choro, sem manha, sem nada! Só o paninho na cara! Uma ou outra criança que não dormia, a gente ia lá e acalentava até ela dormir... simples assim! Cobrimos uma a uma com cobertorzinho e pronto! Acabou meu turno! Amanhã tem mais!

Pra terminar, um vídeo de 10 minutos mostrando um pouco o trabalho da Lha. Enjoy it!





domingo, 6 de março de 2016

CHEGANDO A ÍNDIA

Não foi nada tão traumático como eu imaginei. Até porque não sai do aeroporto...rss.. Cheguei em Delhi, passei 10 horas no aero (num lounge com direito a cama para dormir) e peguei o voo para Dharamshala. O aeroporto de Dharamshala fica um pouco afastado da cidade (cerca de 15 km). Então contratei um táxi para me levar pra pousada. Ai sim foi traumático! Imagina meu desespero ao entrar num táxi com volante do lado direito. Pior: esse táxi sai nas ruas onde se usa mão inglesa. Cada curva (e são muitas porque estou nas montanhas) eu achava que ia bater. Já começou aqui meu treinamento mental de desapegar do que eu acho certo e errado. 

Sobrevivi! Cheguei a pousada, deixei as coisas e fui perambular (o que eu mais gosto de fazer aqui). Fui com o Ravi, um guia local que conheci na pousada. Estou em McLeod Ganj (também chamam de Upper Dharamshala), que é onde mora o Dalai Lama. Aqui se parece mais com o Tibet do que com a Índia (depois escrevo um post sobre a situação do Tibet). No fim do dia, fui ao Templo do Dalai que eu estava doida para conhecer. Daí veio outra lição: não criar expectativas! O Templo não é nem de longe o que eu imaginei (mas também não sei porque imaginei o que imaginei). O Templo é extremamente simples e colorido, como o Tibet é. Na verdade, não poderia ser diferente, sendo o Dalai Lama a simplicidade em forma de gente. Inegável é a paz daquele lugar, mesmo sem a presença do Dalai (ele está nos States se recuperando de um cirurgia). Sempre que dá vou lá no fim do dia ver o pôr do sol e meditar um pouco.

 
Entrada do Templo

Entrada do Templo

Casa do Dalai Lama

Rodas de oração no Templo do Daila Lama

As ruas de McLeod Ganj são muito coloridas. É muita informação para os olhos! Eles saltam de uma loja cheia de coisas lindas, para um transeunte que vem na sua direção, para o carro que vem buzinando atrás de você... Falando em carro, outro aprendizado dificílimo: Não se estressar e não xingar os motoristas que buzinam sem parar. Sim! Buzinar aqui é como se fosse Lei! Inclusive está escrito na travesseira de muitos carros e caminhões: Blow Horn! Resultado: São Paulo é uma cidade extremamente silenciosa se comparada a esta pacata cidade nos Himalaias. Mas também tem música: muitas pessoas andam nas ruas recitando mantras em voz alta. E as vezes dá pra ouvir uma flauta ou tambores de uma cerimônia distante ou uma música suave que reverbera na montanha. 

Ainda sobre as ruas: as Leis de Newton não se aplicam aqui. Dois corpos podem sim ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo! Aliás, dois corpos não; vários! Quem já andou aqui sabe o que estou falando. As ruas são estreitas e íngremes e você tem que dividi-las com os outros pedestres, com os carros e as motos, com os caminhões, com os cachorros, com as vacas e com os macacos. Todos convivendo em perfeita harmonia! Ah, sem esquecer de olhar pro chão, porque como diz meu guia: Watch out! Poops everywhere! E pior que tem mesmo, cocô da bicharada por quase todos os lados.


Vista de McLeod Ganj

Ruas coloridas

Vista do meu quarto

Ruas estreitas de McLeod Ganj

Vacas nas ruas 

E tem macacos também

Buzine!!