quinta-feira, 21 de abril de 2016

QUAL A SUA FELICIDADE INTERNA BRUTA?

"Era uma vez um Rei de uma terra distante que declarou que a felicidade do seus habitantes era mais importante que o crescimento econômico de seu País. Nesse reino, as pessoas preservam a natureza, não se importam com bens materiais e cultuam a espiritualidade. E assim, eles viveram felizes para sempre!” Essa é a história do Butão! Considerado um dos países mais felizes do mundo, pois seguem a política da Felicidade Interna Bruta - FIB. É  uma terra onde a satisfação impera e a tristeza não ganha visto de entrada.

O Butão é um pequeno país nos Himalaias (do tamanho do estado do Rio de Janeiro), situado entre a Índia e o Tibete (se você procurar na internet vai encontrar "entre a Índia e a China", porque é exatamente a parte que os chineses invadiram o Tibete). O nome do país vem de Druk, que na língua local significa Dragão. É um país relativamente novo, já que este optou por manter-se isolado. Só em 1974 é que ele abriu suas portas para os visitantes. Assim, foram capazes de preservar valores antigos de sua tradição.

Desde 2008 o país segue o regime de monarquia constitucional (eles têm um parlamento de 25 representantes eleitos pelo povo, com leis constitucionais, mas tudo sob a governança do Rei). A religião oficial é o Budismo Mahayana; eles usam trajes típicos bem bonitos (para as mulheres a Kira, para os homens o Gho); mais de 70% do território butanês é coberto por florestas e 60% está em área de preservação (nem preciso dizer que a paisagem é belíssima, né); a agricultura é a principal atividade; o esporte nacional é o arco e flecha; a comida é maravilhosa (a melhor até agora!); até pouco tempo eles não tinham moeda e faziam escambo; a televisão só chegou em 1999 (e o Rei limita o número de canais por satélite).

Apesar de o país ter sido aberto para o turismo em 1974, este ainda é controlado pelo Rei. A intenção é manter um turismo de qualidade e evitar transtornos causados pelas diferenças culturais. Para entrar lá, você deve primeiro contratar uma agência de viagens que irá providenciar tudo pra você. Desde hospedagem, passeios (em carro de luxo com guia que fala um excelente inglês e motorista), refeições completas e visto de entrada. Tudo isso pela bagatela de US$ 250,00 o dia!!!! Sem contar a passagem aérea, que também achei bem cara, porque só tem duas companhias que operam no país. A Buthan Airlines (que é privada) e a do Rei, a Druk Airlines. As duas são ótimas: atendimento, comida e equipe de primeira (confesso que gostei mais da companhia do Rei...rsss). A chegada em Paro (cidade onde fica o aeroporto) é memorável! O avião passa colado nas montanhas e de repente ele “mergulha” no ar para aterrissar. Dá um friozinho na barriga!

E porque eles são considerados um dos países mais felizes do mundo? Tenho várias sugestões. Primeiro porque eles são budistas (olha eu puxando sardinha!). O budismo "prega" o desapego, menos desejos, inspira à compaixão e fala de carma. Isso estimula as pessoas a praticarem o bem. Mesmo com a globalização batendo à porta, eles possuem equilíbrio entre as posses materiais e a espiritualidade. Tudo bem se eles não tiverem o último lançamento do iPhone; eles têm a vida para contemplar! 

Outra sugestão é que eles não se ligam muito em internet ou televisão. Sem notícias desagradáveis ou avalanches de marketing de consumismo, as pessoas tendem a serem mais felizes. No entanto, isso está mudando um pouco, infelizmente. Nosso guia relatou aumento de roubos, principalmente saques às stupas – onde guardam relíquias de grandes mestres, depois da entrada da TV no país. A felicidade também pode ser porque a maconha cresce igual mato na rua (Brincadeirinha... Eles não fumam a erva, só serve para alimentar os animais). Ou porque existem pênis desenhados por todos os lados (isso mesmo gente, a palavra é essa mesma, não é culpa do corretor! Rss..), em homenagem ao guru Drukpa Kunley, referenciado pela fertilidade e prosperidade.

Não, agora falando sério! Na minha modesta opinião, o motivo da felicidade desse povo está no seu governante. O atual rei (Jigme Khesar Wangchuck) está no trono desde 2008. Ele é um jovem bonito, casado com uma moça também muito bonita, que acabaram de ter um herdeiro. Ele, assim como a familia real, são amados por todos. E o melhor de tudo é que não existe diferença social entre a população e o Rei. Facilmente você pode encontrar o Rei pedalando ou correndo pela cidade, num dia de sol. Fomos visitar o Parlamento e lá perto fica a casa da família Real. Só deu pra ver o telhado, mas deu pra perceber que é uma casa extremamente simples e normal. Se o guia não tivesse avisado, teria passado despercebido.

O Rei coloca o bem-estar do seu povo acima de qualquer interesse econômico. O índice que mais interessa pra ele é o FIB – Felicidade Interna Bruta – dos habitantes. Esse índice foi criado em 1972 pelo rei do Butão na época (o pai do Rei atual) e é uma forma de indicar o crescimento do país, sem considerar apenas o aspecto econômico, mas levando em consideração conceitos culturais, psicológicos, espirituais e ambientais. O cálculo da “riqueza” considera nove aspectos como, a conservação do meio ambiente, a qualidade da vida das pessoas, saúde, educação, cultura, entre outros. Quer saber qual o seu FIB? Teste aqui!



Monastério Takshang - 6 horas de caminhada que valem muito a pena

Arquitetura butanesa

Arquitetura butanesa

108 stupas

Detalhes dentro dos templos

Mongezinhos estudando na floresta

Entrada de um dos templos

Decoração do templo (Punaka Dzong)

Butaneses aguardando para entrar no Templo

Punaka Dzong

No Parlamento

Buda de 52 metros de altura

Oficina de pintura

Comidinha delícia

Avião do Rei

segunda-feira, 18 de abril de 2016

VOCÊ CONHECE O NEPAL?

Engraçado perceber que mesmo fora da nossa zona de conforto, criamos pequenos portos seguros, né não? Você chega em um lugar novo, se acostuma com ele, daí logo você arruma as malas e parte de novo... Pro desconhecido, pro inesperado... Pra fora da zona de conforto que você acabou de criar. Chegar em Katmandu foi bem assim! Um aeroporto sem estrutura (um verdadeiro caos na Terra), uma cidade enevoada, ruas ainda com sinal de uma catástrofe, um povo de feições diferentes, que eu nunca tinha visto antes. Deu uma vontade enorme de voltar correndo pra Índia! Fiquei tentando me identificar com algo ou com alguém, sei lá.... Daí, sem eu saber, ficamos hospedadas em uma pousada de uma família nepalesa que segue o budismo tibetano (Pronto! Me achei de novo!). Além dos donos serem super gente boa, a pousada era bem charmosa e confortável. Tinha uma cozinha coletiva onde pudemos comprar umas coisas e fazer uma comidinha com nosso tempero brasileiro (a master chef Carol quem fez, eu fiquei apenas no apoio moral).  

Passamos uma semana no Nepal e andamos um bocado! Aos poucos fui me afeiçoando às feições dos nepaleses. Eles tem uma mistura de indianos e chineses (deve ser porque o Nepal fica entre esses dois países), que faz deles um povo bem bonito. Os jovens são super animados e todo mundo parece amar o Brasil! Claro que a referência deles é o futebol, mas é legal ver bandeirinhas do Brasil nas lojas e pessoas andando nas ruas com a camisa da seleção. Nos sentimos seguras; os nepaleses são bem hospitaleiros (mesmo quando você não entende bem o inglês deles). A comida típica do Nepal é uma delícia (pra mim é melhor que a Indiana). Pudemos passear algumas horas com uma amiga do Brasil que se tornou monja há um tempo e tivemos um bate papo que vai ficar pra vida toda! Fomos até Pokhara que é a segunda maior cidade do Nepal, de onde o pessoal sai pra fazer trekking nas montanhas, incluindo o Everest. A cidade é uma graça, bem charmosa, cheia de opções noturnas e diurnas pra fazer. Tem uma vista belíssima das montanhas (que só vimos pelos postais, porque nos três dias que ficamos lá, estava super enevoado e não deu pra ver nada). Tivemos uma experiência sinistra (não recomendo pra ninguém!) de voar de teco-teco (nunca rezei tanto na vida!!!). Mas em compensação fizemos Rafting no rio que foi beeeeem legal.

O Nepal é um país que tem um potencial incrível, de muitos recursos naturais, de belezas maravilhosas. Mas ainda pouco desenvolvido e de muita pobreza (de uma lista de 187 países de maior IDH, o Nepal está em 145). Só em 2008 o país se tornou um república. A energia elétrica do pais é controlada pelo governo que só libera a luz no período noturno. Durante o dia não tem luz! Ou melhor, o povo vai dando seu jeito; tem quem use gerador, ou energia solar, ou fica sem luz mesmo (para a grande maioria que não consegue arcar com os custos de ter sua própria fonte de energia). E a poeira no ar? Gente, como é difícil respirar. Foi preciso usarmos máscaras. Katmandu fica num vale entre as montanhas e a poeira não dissipa! E tem também o boicote de fornecimento de gás e petróleo vindo da Índia que eles estão enfrentando (parece que a Índia não gosta muito da relação que o Nepal tem com a China e resolveram boicotar).

Há um ano aconteceu um terremoto bem grande no Nepal e o epicentro foi em Katmandu. Ainda hoje é possível ver os destroços do terremoto em vários locais da cidade. Ainda tem gente morando nas ruas em barracas porque perderam suas casas e não têm onde morar. O governo não ajuda muito. Conversamos com algumas pessoas que nos deram seus relatos de terem sobrevivido a essa experiência. É bem triste se deparar com essa realidade; ver os montes de terra e pedras na rua me fizeram pensar muito na impermanência (de novo!). Credo, como a vida é frágil; num minuto uma pessoa está andando na rua voltando da escola passando ao lado de um prédio, no outro minuto ela está soterrada debaixo do prédio que desabou. E sem dizer adeus aos entes queridos, ela parte deixando sonhos não realizados pra trás.


E alguns pequenos tremores de terra continuam acontecendo porque as placas estão se acomodando (normal depois de um tremor grande como esse que aconteceu em 2015). Inclusive aconteceu um tremor pequeno dois dias antes de chegarmos. As pessoas estão “acostumadas” com isso.... E pra piorar, a principal fonte de renda do pais é o turismo, que nem preciso dizer que despencou consideravelmente depois do terremoto. E ai, já viu como fica o desemprego, né? 

Mas o que sinto de verdade é que o Nepalês é extremamente resiliente e aos poucos eles vão se reerguendo, construindo e reconstruindo sua história. Aqui, como na Índia, não vimos nos olhos das pessoas aquele ar de lamentação, de pena, de pobres coitados. Pelo contrário, é um povo que mesmo com muito pouco, conseguem te dar muito. 

Tentando respirar em Katmandu

Fazendo amigos nepaleses

Rafting no rio em Pokhara

Rafting no rio em Pokhara

Stupa em Boudhanath sendo reconstruída

Bandeirinhas de oração

Nosso super macarrão sendo preparado

Visitando cavernas em Pharping 

Nepal sendo reconstruído

Nepal sendo reconstruído

Vendedores locais

Sadhus do Nepal

Nascer do Sol em Pokhara

Crianças nepalesas

Crianças nepalesas





sábado, 9 de abril de 2016

IMPRESSÕES SOBRE MINHA ÍNDIA


Preferi dar esse título ao post a chamá-lo de “Minhas impressões sobre a Índia” porque foi uma experiência muito particular. Posso dizer que me senti em casa! Tenho certeza que já vivi aqui em outra vida. Foram 42 dias, 10 cidades diferentes e muitas experiências, emoções e sensações que me fizeram crescer bastante. 

Adorei a “peregrinação” percorrendo os caminhos da vida do Buda (apesar de cansativo e do calor de 42 graus). Adorei chegar em McLeod e encontrar a filosofia do Budismo, que eu venho lendo e praticando há um tempo... Simplesmente amei ver o sorriso do Dalai Lama de pertinho... Adorei chegar em Varanasi e encontrar os deuses e deusas do Hinduísmo, que eu tanto li e ouvi nas minhas andanças pelo universo do Yoga... Me encantei com rio Ganges e seus mistérios... Eu que não sigo nenhuma religião, mas me simpatizo com todas, adorei essa mistureba de crenças.

Sei que não andei nem 10% do território indiano; sei que conheci muito pouco, mas o pouco que conheci foi suficiente para eu querer voltar outras vezes. Talvez eu volte para passar uma noite no deserto do Rajastão. Com certeza, volto pra conhecer Rishikesh e passar um tempo num Ashram aprofundando minha prática de Yoga. Talvez eu faça um trekking pelo Himalaia para beber na fonte do rio Ganges. Talvez eu volte para trabalhar em uma fazenda de orgânicos em Kerala, ou para estudar ayurveda ou medicina tibetana. Talvez eu volte para trabalhar de novo na creche (mas dessa vez vou aprender Tibetano..rss). Com certeza voltarei para fazer curso de Budismo no Tushita. Enfim, muitos planos, ideias e possibilidades!

A Índia é um país incrível! Não é à toa que o slogan do país é “Incredible India”. Terra de Mahatma Gandhi e Patanjali... Terra que acolheu Madre Tereza de Calcutá... Terra onde Sidarta Gautama se iluminou... Terra de sonhos e esperanças desse povo que, apesar das mazelas, segue a vida em contentamento. Óbvio que nada é perfeito. Tem algumas coisas nada legais, tipo o machismo (que só não é maior que o dos povos das arábias e redondezas); tem muito lixo (muito mesmo; tipo montanhas de lixo); tem escassez de água; tem conflitos entre muçulmanos e hindus. Ficamos sabendo que alguns lugares tem problemas sérios com o alcoolismo (tanto que em alguns estados existe a Lei Seca). E o trânsito? Afff... melhor não comentar! Outra coisa que me incomodou um pouco foi o assédio dos vendedores pra comprar coisas. Até entendo que é o trabalho deles, que eles tem família pra sustentar, etc... Mas tem horas que você só quer sentar na beira do Ganges e pensar na vida, sem nenhum vendedor te amolando.  Enfim, nem tudo são flores!


Mas na minha humilde opinião, o saldo foi bem positivo! Não tivemos problemas com a alimentação ou água contaminada (valeu de novo Lord Krishna!). Tivemos uma assessoria bacana do nosso agente de viagem (aliás, quem tem um, tem tudo nessa vida, principalmente em se tratando de Índia). Tivemos a oportunidade de viajar de carro pelas áreas rurais e conhecer a verdadeira Índia. Vi muita agricultura familiar de subsistência (eu e meus cometários floresteiros de novo...). Eles plantam e colhem de maneira bem rústica e sem agrotóxicos (vi alguns espantalhos na lavoura... rsss). Eles usam esterco da vaca como fertilizante (e também pra cozinhar comida, já que não tem dinheiro pra compra gás). Mas a tecnologia do agronegócio tá por aqui também (vi umas máquinas agrícolas imensas). Nosso guia disse que a lichia produzida aqui é a melhor do mundo. Pena que não está na época e não deu pra experimentarmos.

E também foi super bacana dividir essas experiências todas com a Carol. Sério, se eu tivesse chegado em Varanasi sozinha, juro que estava lá até hoje, sentada na beira do rio Ganges, chorando e esperando minha mãe me buscar... rss... 


Resumão da Índia



terça-feira, 5 de abril de 2016

VARANASI; VIDA E MORTE

Varanasi, o que dizer desse lugar? Ela é uma das cidades mais antigas do mundo, além de ser um dos principais símbolos da Índia. É a morada do deus Shiva (um dos principais deuses do hinduísmo). Shiva é o deus da transformação, da destruição de todos os males. E Varanasi traz a perspectiva de um novo começo, de deixar morrer o velho para renascer o novo. É aqui que a maior parte dos indianos deseja morrer, pois acreditam que quem morre em Varanasi, atinge Moska, a liberação do ciclo de reencarnação.

Pra mim foi uma mistura de vários sentimentos... A excitação de chegar, o susto de me deparar com a sujeira do lugar, o respeito pela devoção e pelos rituais locais, a curiosidade de conhecer os Sadhus, o encontro com o rio que celebra a vida ao mesmo tempo que se despede dela. Essa é Varanasi! Foi aqui que aconteceu meu choque cultural... Foi aqui que me assustei e me encantei ao mesmo tempo. Nada nem ninguém pode te preparar para tudo se sente nessa cidade. Não é à toa que o “lema” daqui é: Você sai de Varanasi, mas ela não sai de você! Tudo é uma mistura de emoções, de conceitos (e às vezes os seus pré-conceitos e julgamentos que caem por terra). Todo o cenário, toda a cultura e todas as pessoas te fazem entender a crença fervorosa que eles carregam. A devoção e a ritualização te aproximam do seu Eu Interior, fazendo refletir que tudo é passageiro, tudo é impermanente.

Em Varanasi compreendi na prática o real significado de Santôsha (a sétima norma ética do Yoga e, particularmente a que eu mais gosto). Santôsha significa contentamento, o sentimento de darmos valor àquilo que temos e não nos lastimarmos por aquilo que não temos. Mesmo com todas as circunstâncias não favoráveis, como a sujeira e a condição social, não encontramos um único indiano que reclamasse da situação, da vida. Pelo contrário, encontramos muita gratidão nos olhos, nos sorrisos e nos gestos deles, independente das condições. É como aquele velho ditado: A beleza está nos olhos de quem vê. Estar contente é um estado de espírito, uma maneira elegante de estar no mundo, de contribuir para a vida fluir. 

Chegamos em um sábado à tarde e pra acessar o hotel tivemos que andar, com mala e tudo, desviando da multidão, dos tuk-tuks, das bicicletas, das vacas (e dos cocôs delas no chão). Nosso primeiro “passeio” foi para o crematório. O guia explicou todo o ritual e as crenças dos hindus em relação à morte. De tudo o que vi e ouvi, o que mais me impressionou foi o fato de que os Intocáveis ou Dalits (casta mais baixa da divisão social dos Hindus) é quem faz todo o serviço no crematório. Os Intocáveis são aqueles que fazem o trabalho “impuro” como lidar com o lixo ou com os mortos (animais ou pessoas). Por isso, também são considerados impuros e portanto não podem nem ter contato físico com os “puros”. Eles vivem marginalizados e separados do resto das pessoas. A eles, não é concedido nem o direito de rezarem nos templos. Apesar desse sistema de castas ter sido abolido em 1947 (era uma das coisas que Mahatma Gandhi lutava contra), infelizmente ele ainda é praticado, principalmente em relação aos casamentos entre os Hindus. E por que isso me impressionou? Porque na hora da morte nada disso importa mais. Do pó viemos e ao pó voltaremos. Os “puros” e “impuros” ficam lado a lado para realizar a cremação e liberar a alma do corpo morto. 


Logo depois fomos em um ritual de agradecimento à deusa Ganga (o rio Ganges). Conta a história, que Ganga era uma deusa que queria descer à Terra para atender aos pedidos dos homens. Mas ela tinha muita energia e partiria a Terra ao meio se descesse diretamente. Os homens pediram ajuda à Shiva e esse disse a Ganga que primeiro descesse em sua cabeça. Após diminuir sua força, Ganga poderia descer a Terra sem prejudica-la. Para os Hindus, tomar banho no Ganges significa a redenção dos pecados humanos. A vida não estaria completa sem tomar banho no rio ao menos uma vez. E é isso que vemos em todos os lados, homens e mulheres (e crianças e vacas também) se banhando no rio, rituais de agradecimento às bênçãos recebidas e celebração pela vida. O mesmo rio que recebe cinzas de corpos mortos, também recebe oferendas, cantos e rituais dos vivos.


Chegando em Varanasi

Amanhecer no Ganges

Ganga e Varanasi 

Banho no Ganges

Passeio de barco

Banho no Ganges

Oferendas (Puja)

Nosso Puja à Ganga

Admirando e agradecendo

Saris ao vento

Encontro com os Sadhus

Fazendo novas amizades... 








domingo, 3 de abril de 2016

MENOS BUZINA, POR FAVOR

Achei que eu estivesse acostumada com o fom-fom da buzinação daqui, mas percebi que não. Socoooroooo!!!! Pra que tudo isso, minha gente? Isso estressa qualquer professora de Yoga! Só não estressa os indianos, porque apesar da poluição sonora eles são tranquilos, não xingam no trânsito, não brigam, não vimos batidas de carro... Enfim, um povo muito sossegado!

Delhi é uma cidade grande como outra qualquer. Tem seus problemas caóticos inerentes a uma população de 16,3 milhões de pessoas, mas não tenho do que reclamar (a não ser a poluição sonora). Me senti em casa, a vegetação é muita parecida com o cerrado brasileiro (sim gente, sou engenheira florestal e não consigo não reparar na vegetação... rss). Achei maravilhoso encontrar tanta mistura de religião nas ruas. Ao mesmo tempo que tem uma igreja católica ao lado de templo budista, tem um templo hindu convivendo tranquilamente ao lado de uma mesquita mulçumana. E assim é a mãe Índia, acolhendo tudo e todos!

No primeiro dia de passeio, fomos nos aventurar e andar de metrô. Não sabíamos, até então, que tinha vagão só pra mulheres e fomos no comum mesmo... era hora do rush. Sabe aquelas cenas do metrô de Tóquio que tem pessoas se espremendo pra entrar e ao mesmo tempo tem pessoas se espremendo pra sair? Então, de repente me senti em Tóquio, no meio dessa multidão, sendo empurrada pra fora do vagão pelas pessoas que queriam sair, sendo que eu não queria descer naquela estação.... Foi engraçado... Eu só sabia rir, porque a pesar do que dizem sobre os indianos, não me senti assediada ou desrespeitada, nem com medo de ser assaltada. Aliás, numa outra ocasião, vi uma cena muito bacana dentro do metrô em que um homem que se levantou do banco para dar lugar para uma mulher sentar. Detalhe: essa mulher não estava grávida, não tinha criança de colo, não era idosa e tampouco tinha alguma debilidade física. Minha conclusão: ele fez isso por pura cordialidade! Daí, você pergunta: e o cheiro no vagão do metrô lotado de gente? Normal! Não é diferente de um trem lotado na Europa. Tem aqueles que esqueceram da higiene diária, mas tem aqueles que capricharam no perfume, então o aroma fica equilibrado.

E essa é a imagem que tenho dos indianos, cordiais, alegres, honestos (graças a Krishna não encontramos ninguém querendo nos passar a perna) e curiosos (assim como eu em relação aos costumes deles). Alguns têm cara de mau que assusta, mas você vai conversar com eles e logo percebe que é só a cara mesmo.... o coração é bom! Acho engraçado como algumas meninas pedem pra tirar foto comigo, como se eu fosse uma celebridade! Acho esquisita a mania que eles tem de balançar a cabeça daquele jeito peculiar (que você nunca sabe bem se é sim ou não). Acho nojenta a mania deles cuspirem no chão (quase cuspiram no meu pé... arghh!). Definitivamente indianos não sabem fazer fila (Carol até ajudou a organizar a fila do sorvete, porque tinha uma senhora idosa que ninguém respeitava). E no geral, acho os indianos muitos parecidos conosco, brasileiros. Tem alguns homens e mulheres que se colocarem roupas do nosso cotidiano, eles se passam por brasileiros fácil fácil. Até a Carol já foi confundida com indiana no aeroporto. Enfim, tudo gente como a gente!

Passamos quatro dias em Delhi, conhecemos vários lugares bacanas com um motorista de tuk-tuk que nos levou pra cima e pra baixo. Depois fomos de carro para Agra, onde ficamos metade do dia pra conhecer o Taj Mahal. Pegamos estrada de novo para dormir e conhecer Jaipur. 

O Taj Mahal é mesmo belíssimo, sem sombra de dúvida! É conhecido como uma das maiores provas de amor que o Imperador Shah Jahan fez para a Imperatriz Mumtaz Mahal quando ela morreu dando à luz ao 14° filho do casal. Hoje os dois estão enterrados lá! É um templo enorme construído de mármore branco que levou 22 anos para ficar pronto. Os detalhes talhados no mármore são de pedras preciosas e não tem nada de tinta! Mas posso dizer a verdade? Pra mim ele é bonito por fora, junto com todo o cenário do jardim. Por dentro não tem muito a ser visto e fomos num dia muito cheio e muito quente. As entradas e saídas são estreitas, fica abafado lá dentro de tanta gente... e indiano gosta de empurrar as pessoas, sabe? Outra coisa: ouvindo o guia falar sobre a história do Taj, na minha humilde opinião, o local é uma prova de amor ao ego do próprio rei que o construiu. Uma forma de mostrar o poder e a fortuna dele. O nome do Imperador significa Rei do Mundo (daí você tira o porquê da minha conclusão). Mas sim, ele amava de verdade a esposa dele. Anyway, vale o passeio!

Daí fomos para Jaipur, the pink city - a cidade rosa!!! Em 1876 o marajá que comandava a cidade mandou pinta-la dessa cor para a visita do príncipe de Gales. Visitamos palácios lindos que eram, e ainda são, usados pela família real, os Marajás. Além disso, assistimos a um espetáculo de música típica do Rajastão (estado onde fica a cidade) e ficamos no melhor hotel da viagem, até agora! O dono é um indiano que resolveu abrir a casa dele para turistas (a mesma casa em que ele nasceu). Cabem só 20 hóspedes, é bastante confortável e os funcionários são super prestativos e fazem o melhor café da manhã regional que duas turistas (cansadas de comerem massala) podem desejar. 

Dá o play e sente o drama da buzinação

Metrô em Delhi

Índia Gate

Parlamento Indiano

Mausoléu que inspirou o Taj Mahal

Templo em forma de Lótus

Artesão local

Criança com os olhos pintados com kajal 

Memorial do Gandhi

Fazendo amigos 

 
Taj Mahal

Detalhes do Taj