Engraçado
perceber que mesmo fora da nossa zona de conforto, criamos pequenos portos
seguros, né não? Você chega em um lugar novo, se acostuma com ele, daí logo
você arruma as malas e parte de novo... Pro desconhecido, pro inesperado... Pra
fora da zona de conforto que você acabou de criar. Chegar em Katmandu foi bem
assim! Um aeroporto sem estrutura (um verdadeiro caos na Terra), uma cidade
enevoada, ruas ainda com sinal de uma catástrofe, um povo de feições
diferentes, que eu nunca tinha visto antes. Deu uma vontade enorme de voltar correndo pra Índia! Fiquei tentando me identificar com algo ou com alguém, sei
lá.... Daí, sem eu saber, ficamos hospedadas em uma pousada de uma família
nepalesa que segue o budismo tibetano (Pronto! Me achei de novo!). Além dos
donos serem super gente boa, a pousada era bem charmosa e confortável. Tinha
uma cozinha coletiva onde pudemos comprar umas coisas e fazer uma comidinha com
nosso tempero brasileiro (a master chef Carol quem fez, eu fiquei apenas no apoio
moral).
Passamos uma semana no Nepal e andamos um bocado! Aos
poucos fui me afeiçoando às feições dos nepaleses. Eles tem uma mistura de
indianos e chineses (deve ser porque o Nepal fica entre esses dois países), que
faz deles um povo bem bonito. Os jovens são super animados e todo mundo parece
amar o Brasil! Claro que a referência deles é o futebol, mas é legal ver
bandeirinhas do Brasil nas lojas e pessoas andando nas ruas com a camisa da
seleção. Nos sentimos seguras; os nepaleses são bem hospitaleiros (mesmo quando
você não entende bem o inglês deles). A comida típica do Nepal é uma delícia
(pra mim é melhor que a Indiana). Pudemos passear algumas horas com uma amiga
do Brasil que se tornou monja há um tempo e tivemos um bate papo que vai ficar
pra vida toda! Fomos até Pokhara que é a segunda maior cidade do Nepal, de onde
o pessoal sai pra fazer trekking nas montanhas, incluindo o Everest. A cidade
é uma graça, bem charmosa, cheia de opções noturnas e diurnas pra fazer. Tem
uma vista belíssima das montanhas (que só vimos pelos postais, porque nos três
dias que ficamos lá, estava super enevoado e não deu pra ver nada). Tivemos uma
experiência sinistra (não recomendo pra ninguém!) de voar de teco-teco (nunca
rezei tanto na vida!!!). Mas em compensação fizemos Rafting no rio que foi beeeeem
legal.
O Nepal
é um país que tem um potencial incrível, de muitos recursos naturais, de
belezas maravilhosas. Mas ainda pouco desenvolvido e de muita pobreza (de uma
lista de 187 países de maior IDH, o Nepal está em 145). Só em 2008 o país se tornou um república. A energia elétrica do
pais é controlada pelo governo que só libera a luz no período noturno. Durante
o dia não tem luz! Ou melhor, o povo vai dando seu jeito; tem quem use gerador,
ou energia solar, ou fica sem luz mesmo (para a grande maioria que não consegue
arcar com os custos de ter sua própria fonte de energia). E a poeira no ar?
Gente, como é difícil respirar. Foi preciso usarmos máscaras. Katmandu fica num
vale entre as montanhas e a poeira não dissipa! E tem também o boicote de
fornecimento de gás e petróleo vindo da Índia que eles estão enfrentando
(parece que a Índia não gosta muito da relação que o Nepal tem com a China e
resolveram boicotar).
Há um ano aconteceu um terremoto bem grande no Nepal e o
epicentro foi em Katmandu. Ainda hoje é possível ver os destroços do terremoto
em vários locais da cidade. Ainda tem gente morando nas ruas em barracas porque
perderam suas casas e não têm onde morar. O governo não ajuda muito. Conversamos com algumas pessoas que nos deram seus relatos de terem
sobrevivido a essa experiência. É bem triste se deparar com essa realidade; ver
os montes de terra e pedras na rua me fizeram pensar muito na impermanência (de
novo!). Credo, como a vida é frágil; num minuto uma pessoa está andando na rua
voltando da escola passando ao lado de um prédio, no outro minuto ela está
soterrada debaixo do prédio que desabou. E sem dizer adeus aos entes queridos,
ela parte deixando sonhos não realizados pra trás.
E alguns pequenos tremores de terra continuam
acontecendo porque as placas estão se acomodando (normal depois de um tremor
grande como esse que aconteceu em 2015). Inclusive aconteceu um tremor pequeno dois
dias antes de chegarmos. As pessoas estão “acostumadas” com isso.... E pra piorar,
a principal fonte de renda do pais é o turismo, que nem preciso dizer que despencou
consideravelmente depois do terremoto. E ai, já viu como fica o desemprego, né?
Mas o que sinto de verdade é que o Nepalês é extremamente resiliente e aos
poucos eles vão se reerguendo, construindo e reconstruindo sua história. Aqui,
como na Índia, não vimos nos olhos das pessoas aquele ar de lamentação, de
pena, de pobres coitados. Pelo contrário, é um povo que mesmo com muito pouco, conseguem te dar muito.
Tentando respirar em Katmandu
Fazendo amigos nepaleses
Rafting no rio em Pokhara
Rafting no rio em Pokhara
Stupa em Boudhanath sendo reconstruída
Bandeirinhas de oração
Nosso super macarrão sendo preparado
Visitando cavernas em Pharping
Nepal sendo reconstruído
Nepal sendo reconstruído
Vendedores locais
Sadhus do Nepal
Nascer do Sol em Pokhara
Crianças nepalesas
Crianças nepalesas
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