segunda-feira, 18 de abril de 2016

VOCÊ CONHECE O NEPAL?

Engraçado perceber que mesmo fora da nossa zona de conforto, criamos pequenos portos seguros, né não? Você chega em um lugar novo, se acostuma com ele, daí logo você arruma as malas e parte de novo... Pro desconhecido, pro inesperado... Pra fora da zona de conforto que você acabou de criar. Chegar em Katmandu foi bem assim! Um aeroporto sem estrutura (um verdadeiro caos na Terra), uma cidade enevoada, ruas ainda com sinal de uma catástrofe, um povo de feições diferentes, que eu nunca tinha visto antes. Deu uma vontade enorme de voltar correndo pra Índia! Fiquei tentando me identificar com algo ou com alguém, sei lá.... Daí, sem eu saber, ficamos hospedadas em uma pousada de uma família nepalesa que segue o budismo tibetano (Pronto! Me achei de novo!). Além dos donos serem super gente boa, a pousada era bem charmosa e confortável. Tinha uma cozinha coletiva onde pudemos comprar umas coisas e fazer uma comidinha com nosso tempero brasileiro (a master chef Carol quem fez, eu fiquei apenas no apoio moral).  

Passamos uma semana no Nepal e andamos um bocado! Aos poucos fui me afeiçoando às feições dos nepaleses. Eles tem uma mistura de indianos e chineses (deve ser porque o Nepal fica entre esses dois países), que faz deles um povo bem bonito. Os jovens são super animados e todo mundo parece amar o Brasil! Claro que a referência deles é o futebol, mas é legal ver bandeirinhas do Brasil nas lojas e pessoas andando nas ruas com a camisa da seleção. Nos sentimos seguras; os nepaleses são bem hospitaleiros (mesmo quando você não entende bem o inglês deles). A comida típica do Nepal é uma delícia (pra mim é melhor que a Indiana). Pudemos passear algumas horas com uma amiga do Brasil que se tornou monja há um tempo e tivemos um bate papo que vai ficar pra vida toda! Fomos até Pokhara que é a segunda maior cidade do Nepal, de onde o pessoal sai pra fazer trekking nas montanhas, incluindo o Everest. A cidade é uma graça, bem charmosa, cheia de opções noturnas e diurnas pra fazer. Tem uma vista belíssima das montanhas (que só vimos pelos postais, porque nos três dias que ficamos lá, estava super enevoado e não deu pra ver nada). Tivemos uma experiência sinistra (não recomendo pra ninguém!) de voar de teco-teco (nunca rezei tanto na vida!!!). Mas em compensação fizemos Rafting no rio que foi beeeeem legal.

O Nepal é um país que tem um potencial incrível, de muitos recursos naturais, de belezas maravilhosas. Mas ainda pouco desenvolvido e de muita pobreza (de uma lista de 187 países de maior IDH, o Nepal está em 145). Só em 2008 o país se tornou um república. A energia elétrica do pais é controlada pelo governo que só libera a luz no período noturno. Durante o dia não tem luz! Ou melhor, o povo vai dando seu jeito; tem quem use gerador, ou energia solar, ou fica sem luz mesmo (para a grande maioria que não consegue arcar com os custos de ter sua própria fonte de energia). E a poeira no ar? Gente, como é difícil respirar. Foi preciso usarmos máscaras. Katmandu fica num vale entre as montanhas e a poeira não dissipa! E tem também o boicote de fornecimento de gás e petróleo vindo da Índia que eles estão enfrentando (parece que a Índia não gosta muito da relação que o Nepal tem com a China e resolveram boicotar).

Há um ano aconteceu um terremoto bem grande no Nepal e o epicentro foi em Katmandu. Ainda hoje é possível ver os destroços do terremoto em vários locais da cidade. Ainda tem gente morando nas ruas em barracas porque perderam suas casas e não têm onde morar. O governo não ajuda muito. Conversamos com algumas pessoas que nos deram seus relatos de terem sobrevivido a essa experiência. É bem triste se deparar com essa realidade; ver os montes de terra e pedras na rua me fizeram pensar muito na impermanência (de novo!). Credo, como a vida é frágil; num minuto uma pessoa está andando na rua voltando da escola passando ao lado de um prédio, no outro minuto ela está soterrada debaixo do prédio que desabou. E sem dizer adeus aos entes queridos, ela parte deixando sonhos não realizados pra trás.


E alguns pequenos tremores de terra continuam acontecendo porque as placas estão se acomodando (normal depois de um tremor grande como esse que aconteceu em 2015). Inclusive aconteceu um tremor pequeno dois dias antes de chegarmos. As pessoas estão “acostumadas” com isso.... E pra piorar, a principal fonte de renda do pais é o turismo, que nem preciso dizer que despencou consideravelmente depois do terremoto. E ai, já viu como fica o desemprego, né? 

Mas o que sinto de verdade é que o Nepalês é extremamente resiliente e aos poucos eles vão se reerguendo, construindo e reconstruindo sua história. Aqui, como na Índia, não vimos nos olhos das pessoas aquele ar de lamentação, de pena, de pobres coitados. Pelo contrário, é um povo que mesmo com muito pouco, conseguem te dar muito. 

Tentando respirar em Katmandu

Fazendo amigos nepaleses

Rafting no rio em Pokhara

Rafting no rio em Pokhara

Stupa em Boudhanath sendo reconstruída

Bandeirinhas de oração

Nosso super macarrão sendo preparado

Visitando cavernas em Pharping 

Nepal sendo reconstruído

Nepal sendo reconstruído

Vendedores locais

Sadhus do Nepal

Nascer do Sol em Pokhara

Crianças nepalesas

Crianças nepalesas





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